Gostaria de relatar um incidente que ocorreu comigo, quando estava saindo de uma reunião no cenáculo juntamente com algumas pessoas supostamente convertidas na fé. Fiz alguns comentários que não deveria ter feito naquele momento e, só depois do ocorrido, fui capaz de perceber a burrada que havia cometido.

Por vezes, não nos damos conta de como aquilo que falamos surtirá efeito positivo ou negativo na vida espiritual de quem está ouvindo.

Tenhamos como exemplo uma hierarquia militar do exército, cujo soldado ocupa o posto mais inferior e o marechal o mais superior na cadeia de classificação. Agora, imagine se o marechal falasse abertamente com o soldado, como fala com seus outros colegas do mesmo posto. Talvez o soldado ficasse espantado da maneira como ele enxerga determinadas situações, por não ter o mesmo grau de experiência que o marechal.

É justamente isso que acontece no nosso meio. Por conta de algumas pessoas numa condição espiritual superior, se exporem além do necessário, aquelas que se enquadram numa condição espiritual inferior, acabam se escandalizando.

E quem sai prejudicado nessa história não são apenas os soldados na fé, mas também os marechais, que se expõem além do necessário. Se nós nos preocuparmos mais em adquirir laços afetivos com a pessoa que o Senhor Jesus nos incumbiu para ajudar, menos iremos contribuir para o seu crescimento espiritual. Simplesmente pelo fato de termos consciência de que a fé misturada com sentimentos torna-se inoperante.

Infelizmente o Senhor Jesus ainda não pôde se revelar de forma plena na vida de alguns que se encontram acomodados na fé. Para os tais ele diz: "Tenho ainda muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora." (João 16.12-13)

Para aqueles que se enquadram numa condição espiritual superior, cuide para não se embriagar com "o vinho do clube religioso" e expor sua nudez espiritual, tornando-se uma pedra de tropeço para os recém-convertidos na fé. Como ocorreu com o sobrinho de Noé, Canaã, que foi vítima de uma maldição. (Gênesis 9.21-25)